Na terra da final da Libertadores da América de 2010, enquanto os Vermelhos estão eufóricos com a possibilidade da conquista de mais um título internacional os Azuis comemoram a contratação de um treinador (que até então dirigia um clube da série B) como se fosse a conquista de um grande título.
Buscando opiniões de cronistas esportivos não vinculados com a impressa do Rio Grande do Sul e desta forma não serem rotulados de vermelhos, abaixo a coluna do comentarista esportivo da SPORTV Marcelo Barreto, comentando o momento do INTERNACIONAL.
"Eu nunca tinha ido a Porto Alegre até começar a trabalhar no SporTV. Hoje, a capital gaúcha talvez seja uma das cidades que mais visitei no Brasil. Uma vez, foi por causa do Grêmio, naquela final de Libertadores sob o comando de Mano Menezes. Outra, a seleção, num joguinho muquirana contra o Peru, pelas Eliminatórias. Todas as outras, quem me levou foi o Inter. No Beira-Rio, vi jogos decisivos pela Libertadores, pela Sul-Americana, pela Recopa. E assisti às festas de todas essas conquistas, além da maior de todas, a que recebeu os jogadores campeões mundiais. Sempre voltei de lá pensando a mesma coisa: estamos vivendo uma época em que é muito bom ser colorado.
Muitos times brasileiros viveram épocas mágicas. Todos conhecemos os exemplos clássicos, recitados sempre com o nome do clube e o do seu principal jogador: o Santos de Pelé, o Botafogo de Garrincha, o Flamengo de Zico, o Inter de Falcão. Todos construíram times vencedores – era outra época, no futebol e na economia – em torno de um grupo especial, que se manteve e criou uma cultura vencedora. A partir dos anos 90, com o comércio da bola num ritmo mais frenético, passou a ser mais difícil fazer essa associação. O São Paulo que conquistou o mundo era o de Telê Santana. O Palmeiras vencedor era o de Wanderley Luxemburgo ou da Parmalat. Os astros em campo raramente eram os mesmos de uma temporada para outra.
No século 21, a coisa já tomou uma proporção que a gente não consegue mais acompanhar. Hoje, num papo no almoço, um colega jornalista falava sobre a situação do Flamengo e se empolgava na comparação do grupo atual com o que foi campeão brasileiro no ano passado: “Aquele time tinha ataque, tinha Adriano, tinha Vágner Love…” E aí caiu a ficha: não tinha. Love é representante de um novo fenômeno do futebol brasileiro, o jogador semestral. Chegou e saiu em 2010.
Como explicar, então, que o Inter, num cenário desses, se mantenha competitivo e muitas vezes vencedor durante tanto tempo?
As explicações vão parecer repetitivas. Não é nenhuma novidade citar a administração de Fernando Carvalho, o projeto sócio-torcedor (que já garantiu a lotação do Beira-Rio para o segundo jogo da final), o bom trabalho nas divisões de base. E sempre haverá quem bote defeito, quem diga que ainda falta um Campeonato Brasileiro para provar que o trabalho é mesmo vitorioso. Mas, vendo o Inter virar um jogo na casa do adversário, hoje, o que me veio à cabeça foi que todos esses assuntos, que muito torcedor acha chatos, merecem – de novo – nossa atenção.
Já não se faz mais um time vitorioso só com a descoberta de um craque, mesmo que seja o maior de todos. Nem com a manutenção de um técnico, ainda que muitos o considerem também o melhor que já houve. Manter-se competitivo e vitorioso, no futebol, exige cada vez mais. O Inter não ganha todas, mas está sempre entre os candidatos. O time que virou o segundo tempo de uma final na casa do adversário tinha jogadores acostumados a grandes decisões, mas tinha também jovens promissores. Para nenhum deles, porém, aquilo era novidade. Eu ainda acredito em cultura vencedora no futebol.
Na semana que vem, o SporTV News vai a Porto Alegre para duas edições especiais. E é bem provável que eu volte de lá pensando o que sempre penso: vivemos numa época em que é muito bom ser colorado"
Abraços aos leitores.
Eu Quero o BI da Libertadores da América !!!
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