Por Daniel Chiodelli
Crônica do Daniel Chiodelli que foi divulgada na terça, dia 3/8, no http://bolavermelho.blogspot.com. Recomendo a leitura.
"Nos olhos das crianças coloradas, eu vejo a inocência. Nos olhos dos adolescentes colorados, eu vejo a euforia! Nos olhos dos jovens colorados eu vejo a confiança! Nos olhos dos velhos colorados, eu vejo o saudosismo. Mas nos olhos de todos eles, eu vejo a vontade incessante de vencer de novo!
Nos olhos de Rafael Sóbis, em 9 de agosto de 2006, no Morumbi, eu via uma vontade tão intensa de ganhar que somente após o seu segundo gol, aos olhos incrédulos de 65 mil são paulinos, eu vi ele arrefecer um pouco a fúria do seu olhar obstinado pela glória máxima das Américas.
Foi naquele instante, naquela quase imperceptível descontração, que Sóbis perdeu a precisão milimétrica em seu olhar, deixando passar a chance de fazer o terceiro gol. Um gol que talvez tenha ficado guardado para ser visto somente alguns anos mais tarde (quem sabe?).
Uma semana depois, meus olhos quase não acreditavam naquilo que eu via. Eu já havia visto muitos jogos noturnos no Beira-Rio, com frio, chuva e estádio lotado. Mas jamais uma final de Libertadores! E o que os meus olhos viram naquela noite, eu sou capaz de rever todos os dias, na memória.
Naquela noite, um outro olhar marcante jamais sairá da retina da gigante massa colorada: o olhar de Paulo César Tinga. Foi quando, lá pela metade do segundo tempo, ele arregalou seus olhos e levou sua cabeça de encontro à bola que morreu no fundo do gol. Ali, naquele instante, todos os colorados viram, nos olhos de Tinga, a certeza do título.
Na próxima quinta-feira, eu estarei de olhos bem abertos. Nos olhos dos colorados que estarão à minha volta, tenho certeza de que voltarei a enxergar ansiedade, expectativa, tensão e vibração. E no final do jogo, espero estar com olhar marejado, transbordando em lágrimas de emoção incontida pela alegria da vitória conjugada com a eterna paixão de ser colorado.
Depois, depois não sei. Talvez eu volte meus olhos para o norte, talvez para o sul. Mas de uma coisa eu sei: o mundo estará de novo, ao alcance dos nossos olhos!"
Assinado por Daniel Chiodelli
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